Desde criança sempre fui fascinado por artes marciais e, sobretudo, ninjutsu. Esse misterioso guerreiro de personalidade forte, olhar implacável, sagacidade nos movimentos, com a incrível habilidade de sempre fazer a escolha certa, mesmo nos momentos mais críticos, possuía um acessório entre suas armas que marcaria para sempre a minha vida. A kemuridama. Usando esse artifício, o ninja sumia da zona de perigo enebriada deixando seus inimigos confusos e assustados com tal sobrenatural poder. A bomba de fumaça, tradução intuitiva feita por todos os meninos na nossa infância, criava toda uma magia por trás desse guerreiro mortal, que, ao sumir na fumaça, frente aos atentos olhares de seus perseguidores, tornava-se sobrenatural. Hoje, adulto, sei que eles não sumiam de verdade, apenas criavam essa distração para se ocultarem no ambiente. Eles continuavam lá, mas ninguém os via. E talvez a tal bomba de fumaça nunca tenha realmente existido. Acredita-se que era uma espécie de bola de pó que cegava temporariamente o inimigo. Tempo suficiente para um habilidoso estrategista recuperar sua vantagem na batalha e, mais uma vez, ter ao seu lado seu melhor aliado: O efeito surpresa. De qualquer forma, bomba de fumaça ou bola de pó, a imagem da kemuridama ainda repousa mágica em minha mente, trazendo-me sempre essa sensação de mistério, de magia, do medo do que não podemos ver e compreender, do quanto somos frágeis na cegueira da névoa, do que pode estar oculto, observando, em algum lugar, no meio da kemuridama.